Um estranho conhecido - Memórias de um homossexual

Sou um estranho conhecido, sabe, o ideal social que as pessoas dizem ser ‘normal’, sendo assim sou obrigado a esconder quem sou. Então temos que seguir calados, escondidos. Até no meu caso, tenho que me esconder porque até minha família, trata pessoas como eu, com descaso e indiferença.

Todos podem fazer o que querem, mais não podem sair da ‘normalidade’. O ideal não pode ser anormal.

Vejo como grande maioria da população é ridiculamente hipócrita, dizendo ser a favor do livre arbítrio. Que livre arbítrio é esse, que tem de seguir um ideal?

Que acha necessário seguir o padrão da sociedade. Ninguém tem o direito de forçar um indivíduo.

Detalhe, temos direitos iguais, mas a realidade não é bem assim. Por que sermos negligenciados? Apenas por mostrarmos quem somos?

É por isso que eu não acredito numa mudança na humanidade.

Mal posso andar na rua sem ser rotulado de homossexual, sou antes de tudo um ser humano, com pensamentos e sentimentos. Temos a liberdade de mostrar quem somos.

Afinal, por que eu tenho que ser intitulado Homossexual?

Vocês também têm uma sexualidade.

Eu mesmo me tornei uma pessoa triste, que se esconde, que se sente solitário, que ama, mais não pode demonstrar em público. Que deve ser diferente em casa com seus familiares.

Tudo por causa do maldito ideal. Sinto que até o suicídio pode ser mais convidativo que continuar com uma fachada inútil. Sou assim porque tenho medo, não só da sociedade, mais como dos meus entes mais queridos. Já que grande parte acha que isso é quase uma doença, uma anormalidade ou algum tipo de monstruosidade a qual se deve eliminar.

O que me move?

O que me move é poder quebrar a maldita barreira, que separa as pessoas, que acaba com vidas e destrói pessoas.

Quero poder mudar essa realidade estúpida, poder mostrar quem somos e que somos iguais e podemos demonstrar a qualquer um, que não só eu que tenho uma sexualidade. Quero também que outras pessoas sejam felizes sem se esconder, sem serem tristes como eu.